Uma fotografia, uma história #2 - Especial

25 de julho um dia especial...

Ainda lembro daquela apresentação do coral... A única coisa que ainda não entendo foi aquela formação, e ainda me pergunto o porquê do baixo e tenor terem ficado exatamente do lado do soprano?! Não deviam ficar atrás de nós?! 

Ainda lembro do seu olhar... Devia estar louca pelo fato de imaginar que eles estavam me fitando. Disfarcei e meus olhos percorreram o meu redor, confesso, foi pura timidez, sabia quem era seu alvo. Controlei os pensamentos agitados, que diziam "ele está te olhando". Senti um frio correr pela espinha, as mãos ficarem geladas, e meu fôlego se esvaindo...

Mas eu não podia perder o ar! Eu devia cantar naquele enorme coral, todos esperavam as vozes entoando uma harmonia exata e sem variações! Mas sua atenção não estava na música... E muito menos a minha!

Fingi que estava lendo a letra da música pela milésima vez em apenas cinco minutos. Para o meu espanto, uma voz feminina ao meu lado sussurrou "ele não para de olhar pra você". Fechei meus olhos, o coração disparou, e por sua causa esqueci da música, esqueci da letra, melodia, ritmo, e fiquei corada como uma maçã! Não resisti e rapidamente te olhei, você não desviou o olhar, para o meu desespero! 

O regente nos mandou levantar, cadê a letra?! Meu Deus, não sei mais como se canta! Quem foi o bendito que inventou a história que o soprano tem que ficar logo na frente de todo mundo?! Lamentei profundamente, pois imaginava a cor da minha bochecha. Cadê o fôlego?! Sumiu! Escondi o rosto com a partitura. Te olhei, você ainda me olhava com um sorrisinho atrevido, ouvi sua voz grave, que baixo, estremeci! Evitei olhar para o regente, sim, ele devia estar querendo me trucidar! Cadê a voz?! Por que ele também ficou na minha frente?! Um coral tão grande! Podia ficar mais distante! Só conseguia pensar nos seus olhos, naquele olhar mais lindo que já tinha visto.

Que alívio, a música acabou! Tentei jogar os cabelos para o lado, para quem sabe amenizar a bochecha vermelha. Entre os cabelos eu vi, você ainda me olhava, me deixando mais atrapalhada! Alguém sussurrou a próxima música, eu não queria mais cantar, será que ninguém entendia que minha voz havia sido afetada por minha emoções?! 

Suspirei fundo e novamente te fitei, você deu um sorrisinho de canto, parecia que esperou a noite toda por aquele momento, uma pequena linha formou um sorriso em mim. Se o olhar tivesse voz, aquela noite eu poderia jurar que você me disse: "estou apaixonado por você, garota". Esqueci tudo ao meu redor, e meu coração ritmava a letra daquela música que eu inventei: "ele é tudo o que sempre quis". 

Ao final me apressei para ir embora. Por que você preferia falar com o olhar?! 

Mas as poucas palavras que vieram da sua linda voz "Você quer namorar comigo?", ainda me fazem sonhar. Seu primeiro bilhetinho revelou o que seu olhar me disse naquela noite. E por mais que eu desejasse, por mais que eu sonhasse todos os dias para que ele fosse real, jamais imaginei que ele se cumpriria 2 anos depois, diante do altar, com minha voz emocionada dizendo SIM para você. 

Recordar nosso amor é viver intensamente cada sonho de outono, cada cor que a primavera traz, cada cinza que o inverno já nos trouxe, mas também cada conquista que o verão nos presenteou com os raios de Sol.

Te amo Marcio Brazil, pelos melhores 13 anos da minha vida, sim, eu era apenas uma adolescente, mas seu amor me fez ser a mulher virtuosa de hoje.

O que o bilhete dizia?! "Eu sei que vou te amar, por toda minha vida eu vou te amar, desesperadamente eu vou te amar". Sei, que é assim que você me ama, e é assim que te amo...

Quando o inverno chegar eu quero estar junto a ti, pode o outono voltar, que eu quero estar junto a ti, porque é primavera, te amo...


Voltaria ao passado centenas de vezes se fosse possível, somente para ouvir você se declarando e eu me entregando para você outra vez.

Texto: Baseado em fatos reais.

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